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Intrínseca publica novo livro de Felipe Castilho
Está em pré-venda na Amazon o livro “Serpentário“, escrito pelo autor brasileiro Felipe Castilho. O livro está previsto para dia 15 de agosto de 2019.
Todo ano, Caroline, Mariana e Hélio costumavam deixar a capital paulista para encontrar Paulo, um jovem habituado à simples vida caiçara. No entanto, a amizade construída nas areias do litoral sofreu abalos sísmicos no Réveillon de 1999, quando algo tão inquietante quanto o bug do milênio abriu caminho para uma misteriosa ilha que despontava no horizonte, e explorá-la talvez não tenha sido a melhor decisão.
Sobreviver à Ilha das Cobras tem um preço. O arquipélago é um ambiente hostil, tomado por víboras, e esconde segredos tão perturbadores quanto seus habitantes. Mais do que um equívoco darwiniano ou uma lenda popular, a ilha praticamente destruiu a vida deles. Entre memórias e fatos fragmentados, o que aconteceu naquela fatídica noite se tornou um mistério. Mas de algumas coisas eles se lembram perfeitamente: uma enorme e ameaçadora serpente, além de uma pessoa sendo entregue ao ninho da víbora, um sacrifício sem chance de recusa.
Anos depois, Caroline é confrontada com um de seus piores pesadelos: a pessoa que eles abandonaram está viva. Um fantasma do passado que surge para fazer suas certezas caírem por terra. Então, ela decide reunir os amigos para entender o que aconteceu. E talvez o encontro seja parte de algo maior… e maligno. Em Serpentário, Felipe Castilho mostra todo o seu talento ao mesclar referências do folclore e da mitologia a elementos da cultura pop, da ficção científica e do horror.
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A “poética do detalhe” em Persépolis de Marjane Satrapi: Revolução Iraniana (1979) e resistência feminina
A “poética do detalhe” em Persépolis de Marjane Satrapi: Revolução Iraniana (1979) e resistência feminina.
Cláudio Diniz e Warley Cardoso
Em 1990, a época dos grandes ideais revolucionários e das manifestações tinha acabado. Entre 1980 e 1983, o governo tinha prendido e executado tantos secundaristas e universitários que a gente não se atrevia a falar de política. Nossa luta era mais discreta. Estava nos pequenos detalhes. Para os nossos dirigentes, qualquer coisinha poderia ser sinal de subversão. Pois é… Tudo era pretexto para nos prender.
(Marjane Satrapi, 2007)
Olá leitor! A cidade de persépolis (Takhte Jamshid – 518-331 ac.) foi a capital dos antigos governantes do Império Persa, os Aquemênidas. As ruínas da capital, redescobertas em 1930, ao sul do Irã, atestam a grandiosidade da cultura persa. Nos seus arredores, ficam os túmulos dos imperadores Dario e Xerxes. A maior parte das informações dessa cultura encontra-se nos relatos gregos porque muito pouco da produção escrita dos persas, que era imensa, chegou até nós. No terceiro século antes da era cristã, Alexandre da Macedônia saqueou e incendiou a cidade de Persépolis. Movido por antigas rivalidades – como o incêndio de Atenas, promovido por Xerxes, em 480 ac. -, o helenista deu provas de sua gananciosa barbárie.
A escritora iraniana Marjane Satrapi confeccionou sua autobiografia, em formato de graphic novel, utilizando-se de elementos épicos da história da Pérsia e a arte pop ocidental. Aliás, como a obra foi publicada na França (2000), é correto se referir ao suporte usado por Satrapi como BD (bande-dessinée). A Persépolis de Satrapi aproxima o antigo do moderno, o épico do pop e o drama do humor. Na leitura da obra fica evidente o fato de que a autora procura afirmar uma identidade muito mais antiga que o regime dos aiatolás. Nesse caso, é perceptível que a orientação política da obra relaciona-se à negação e resistência velada ao regime ditatorial no Irã.
A estética da obra, em branco e preto, também é uma crítica à imposição da sharia xiita referente aos costumes ultraconservadores impostos à mulher iraniana. A imposição do shador (véu escuro), por exemplo, é vista como emblema de repressão. Apesar disso, Marjane Satrapi revela o modo como as pessoas podem desenvolver estratégias de sobrevivência em situações extremas. A vida, que se esvai com tamanha facilidade, recebe um significado especial nesse cenário marcado pela Revolução Iraniana (1979) e a consequente aniquilação das liberdades civis.
A história do Irã, no século XX, foi assinalada pelos interesses da indústria ocidental do petróleo. O imperialismo britânico dominou a região até 1951, quando o primeiro ministro iraniano, Mohammad Mossadegh, nacionalizou a exploração petrolífera. Em 1953, Mohamed Reza Pahlevi implantou uma ditadura comprometida com os interesses do bloco capitalista. O Irã foi tomado de práticas e padrões de consumo do Ocidente. Acrescente-se a isso, o fato de que, em plena Guerra Fria, a fronteira do Irã com a URSS deveria ser interessante aos olhos da OTAN.
Ao mesmo tempo, no interior das mesquitas, um discurso nacional fundamentalista ganhava contornos na figura do aiatolá Ruhollah Khomeini. No fim dos anos 70, Khomeini estava no exílio, mas sua voz era ouvida por todo o Irã, nas fitas K7 que o líder islâmico enviava do exterior. A interferência política conservadora do clero iraniano tornou-se uma espécie de alternativa à administração denominada “libertina” de Reza Pahlevi. Finalmente, em 1979, o governo Pahlevi sucumbiu à onda de protestos e revoltas no país. Khomeini instaurava o regime dos aiatolás.
Um ano após o golpe de Khomeini, o cenário iraniano era bastante caótico e desagradável aos interesses do bloco capitalista. Saddam Hussein, presidente iraquiano apoiado por Washington, promoveu uma guerra contra o Irã. Seus objetivos eram enfraquecer a influência política dos xiitas e controlar as reservas de petróleo iranianas. A Guerra Irã-Iraque matou quase um milhão de pessoas e deixou sequelas nos dois países.
O aiatolá Khomeini morreu logo após a guerra. Seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, mostrou-se mais receptivo a pequenas alterações na sharia xiita. Uma luz de esperança, mesmo que tímida, acendeu o coração dos iranianos. A eleição de presidentes moderados – como Ali Rafsanjani (1989-1997), Sayed Khatami (1997-2005), Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), Mohammad Khatami (2013-2021) – dá mostras de um país ainda polarizado na encruzilhada dos antigos com os modernos.
Parece-nos, ainda, que existe um nível mais profundo na obra de Marjane Satrapi. Em Persépolis, a instância da memória inventa e assegura a existência de uma identidade capaz de resistir ao próprio tempo. “Nunca se esqueça”, diz o pai de Marjie, “de quem você é e de onde vem.” A identidade, então, é essa rocha que dá sustentabilidade à história da autora e do Irã. Uma terra que sobreviveu a imperadores, califas e xás, só o fez porque soube preservar e reinventar sua identidade. Se o pano de fundo, em Persépolis, é a história trágica do Irã, o eixo central da narrativa é a identidade feminina e sua condição objetiva de existência sob a hostilidade de um regime autoritário.
A propósito, o lado mais encantador da autobiografia de Marjane Satrapi é o olhar feminino lançado sobre a história. É um ponto de vista desfocado da análise consensual. Persépolis escapa às opiniões pré-fabricadas para oferecer um retrato pessoal da sociedade iraniana. Sabemos que Marjane Satrapi é proveniente dos grupos mais favorecidos do Irã, com ancestrais entre os imperadores persas e que sua família ideologicamente aproxima-se de horizontes marxistas. No entanto, não é a veracidade da informação que mais importa à análise da autobiografia, mas a sua sinceridade. Em Persépolis, a “poética do detalhe” aproxima a análise sociocultural do pormenor cotidiano. O processo sorrateiro de luta pela sobrevivência física e espiritual ganha contornos subjetivos. A linguagem dos detalhes evidencia aquela afirmação de Foucault de que onde existe poder também existe resistência.
Fabricar o consenso é obter apoio criando “ilusões necessárias”. A visão orientalistsa, característica indelével do olhar colonizador, evidencia apenas o lado exótico e ou violento do mundo islâmico. Não é preciso dizer que na obra de Marjane Satrapi não há espaço para esse tipo de estereótipo. O que observamos em Persépolis é a narrativa de uma vida nada comum e as delícias, as dores e a resistência que ela pode oferecer.
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Conheça “Tudo soma zero – Histórias de outros futuros”
No último dia 30 de novembro, foi lançado a coletânea de contos “Tudo soma zero – Histórias de outros futuros“, organizado pela Ana Luiza Rizzo e Cris Vazquez. A coletânea reúne escritores da turma de 2015 da Oficina de Criação Literária do Assis Brasil, que pelo quarto ano consecutivo se desafiam a escrever alinhados.
Desta vez, o tema norteador é o futuro. Os contistas aceitaram imaginar cenários distópicos, que apesar da clara caminhada da humanidade, tememos em alcançar.
“O que a literatura faz de melhor é olhar para onde não se olha, nos forçar a encarar o reflexo nos espelhos do labirinto, investigar suas distorções, enxergar imagens ocultas. E a ficção especulativa (palavra que compartilha etimologia com “espelho”) atreve-se a uma pergunta específica: se o passado é prólogo, o presente não é o futuro? Em tempos como estes, a indagação é quase um clamor.”
Apresentação de Renata Wolff
Você pode adquirir seu exemplar no site da editora Bestiário, neste link.
AUTORES
Alexandre Alaniz, Alexandre Baldasso Schossler, Ana Cláudia Martins, Ana Luiza Rizzo, André Roca, Andrezza Postay, Andriolli Costa, Caroline Joanello, Cris Vazquez, Fred Linardi, Gustavo Melo Czekster, Irka Barrios, Kathy Krauser, Laila Ribeiro, Leandro Demeneghi, Lorena Otero, Lúcio Humberto Saretta, Matheus Borges, Nara Vidal, Paulo Pinheiro, Rejane Benvenuto, Renata Wolff, T.K. Pereira, Taiane Maria Bonita, Tiago Germano, T.S. Marcon e Vanessa Maranha.
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